Um futuro melhor tem mais mulheres na ciência

Mais do que uma questão de equidade, é uma estratégia para o futuro

Oi Freefree, tudo bem?

Temos nessa semana uma data muito importante, em 11 de fevereiro, Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência.

 

Para escrever a newsletter dessa semana, me deparei com um artigo da Fernanda De Negri, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade do Ipea, que começa assim:

“Imagine uma conferência na mais importante Sociedade Científica do Brasil. Vários palestrantes (todos os homens) estão conversando enquanto aguardam sua vez de subir ao palco. Uma mulher, conhecida de vários deles, também está lá, conversando e esperando para assistir ao painel. Outro homem se junta ao grupo e é apresentado, um por um, às pessoas ao seu redor, com uma exceção: a mulher, apesar de conhecida, é absolutamente ignorada pelo cientista que conduz as apresentações. Superar a invisibilidade das mulheres é um desafio diário para todas e cada uma de nós, especialmente em áreas como a ciência, onde sua carreira depende de ser reconhecida por suas contribuições intelectuais ao seu campo”.

Pois é, após aprovação em assembleia geral da ONU, foi estabelecido o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado desde 2016, com o objetivo de dar maior destaque para o tema e estimular uma participação mais igualitária nesse campo de estudo.

2016 é muito recente, ainda mais se considerarmos que a presença das mulheres na ciência é histórica, mesmo com todos os entraves. Caso da Hipátia de Alexandria, que se dedicou à filosofia, astronomia e matemática, mas que teve seus estudos considerados como maléficos e foi assassinada em 415 d.C.

 

Infelizmente também não é novo o conflito entre crenças limitadas e aqueles que querem jogar uma luz no desconhecido.

Afinal, esse é e sempre foi o papel da ciência.

Entender aquilo que ainda não compreendemos, curar doenças, prever comportamentos da natureza.

Precisamos muito, nos dias de hoje, que as pessoas valorizem quem atua nesse campo, com todo o rigor técnico e metodologias. Precisamos de mais pessoas na ciência e precisamos de mais mulheres.

Dados da ONU e da UNESCO apontam que as mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores no mundo todo, o que por sua vez demonstra que ainda persistem as barreiras para mulheres e meninas, especialmente nas áreas como ciências, tecnologia, engenharia e matemática.

Ter mais representatividade nessas áreas, mais do que uma questão de equidade, é uma estratégia para o futuro. Segundo a UNESCO, a recuperação econômica dos países e de diversos setores diante do atual cenário de pandemia está diretamente ligada à incorporação das áreas de ciências, engenharia e tecnologia, que em 2050 representarão cerca de 75% dos postos de trabalho.

 

Julia Koblitz/Unsplash

Alcançar a igualdade de gênero, em todos os aspectos, mas também nas áreas da ciência, tem como resultado o empoderamento econômico das meninas e mulheres por meio da educação. Segundo António Guterres, secretário-geral da ONU, o aumento da participação das mulheres no mundo da ciência pode reduzir a disparidade salarial de gênero e aumentar os rendimentos das mulheres em US$ 299 bilhões nos próximos dez anos.

Mas em todo o mundo, as mulheres ainda representam apenas 28% dos graduados em engenharia e 40% dos graduados em ciência da computação e informática, por exemplo. E nas universidades, as pesquisadoras tendem a ter carreiras mais curtas e menos bem pagas. Embora representem 33,3% de todos os pesquisadores, apenas 12% dos membros das academias de ciências nacionais são mulheres.

Um relatório da Elsevier intitulado “A jornada do pesquisador através de lentes de gênero” examinou a participação em pesquisas, progressão na carreira e percepções em 26 áreas temáticas de toda a União Europeia e em 15 países, incluindo o Brasil. O levantamento aponta que embora a participação das mulheres na pesquisa esteja aumentando em geral, a desigualdade permanece entre os países de origem e em áreas temáticas em termos de resultados de publicações, citações, bolsas concedidas e colaborações. Em todos os países, a porcentagem de mulheres que publicam internacionalmente é menor do que a de homens.

 

E para quem é de podcast, temos a dica o “Nasci Assim” um podcast sobre presenças femininas na sociedade, que inclui um episódio com a física Ana Carolina Zeri, que atua no Acelerador de Partículas brasileiro, o Sirius, projeto do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), desenvolvido no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).  Seu trabalho é incrível e vale a pena ser conhecido!

Se queremos progredir como sociedade, investir na educação, ciência e tecnologia é inevitável.

E isso deve ser feito considerando o aspecto de gênero para oferecer oportunidades iguais para meninos e meninas que vão construir o futuro.

Para as meninas, um recado especial:

Faça todas as perguntas que quiser, sem medo de ser inconveniente

Goste do que quiser, não existe interesse adequado ou não

Não tenha medo das dificuldades, você é capaz de enfrentá-las

Um futuro com mais meninas na ciência é um futuro melhor para todos!