Responsabilidade afetiva na era do cansaço

Seja verdadeira e banque quem você é

Sabe como é né, a gente sempre fala aqui sobre liberdade, sobre se aceitar, se amar. E até lançamos um projeto lindo que é o #EuMeBanco sobre literalmente bancar tudo aquilo que faz você ser quem é, do ponto de vista físico, emocional e financeiro.

Assumir todos esses aspectos da sua vida é a única forma de ser verdadeiramente livre.

Mas…

Estamos vivendo tempos bem difíceis né?

Toda essa loucura do isolamento da pandemia, de ter que ressignificar nossas relações e a forma de viver teve lá o seu impacto. Em todas nós.

Se algumas pessoas não veem a hora de voltar à vida como ela era, para tantas outras, vai ser muito difícil recuperar a convivência quando meio que já acostumamos a lidar só com a gente, ou com as pessoas mais próximas.

 

Existe vida lá fora?

 

Não podemos esquecer que se relacionar com outras pessoas é e sempre vai ser o que traz mais cor para o nosso cotidiano, o que faz a vida ter graça e, mesmo quando encontramos desafios e conflitos, se relacionar vale à pena. É justamente essa troca que nos faz crescer.

Interagir com outras pessoas é uma forma de nos conhecer também e é saudável avaliar a qualidade das nossas relações.

Por isso hoje vamos falar de física!

 

Oi? O que está acontecendo aqui? (você pode estar se perguntando)

É isso mesmo, vamos falar de física, especificamente da Terceira Lei de Newton que diz que para toda força de ação existe uma força de reação.

Porque em tempos em que estamos emocionalmente desgastadas, aflitas, cansadas, traumatizadas, talvez seja bom saber medir nossas palavras e ações.

Vamos falar sobre responsabilidade afetiva!

Como o próprio nome sugere, responsabilidade afetiva é quando você se responsabiliza pelos sentimentos e pelas expectativas que cria nos outros, independente da natureza da relação que pode ser amorosa, de amizade, de trabalho ou até com os contatinhos, por que não?

Isso tem menos a ver com reciprocidade, quando um sentimento é correspondido, e mais com empatia.

 

Unsplash/JW

 

Em resumo, para exercer a responsabilidade afetiva basta a gente tratar as pessoas da forma que gostaríamos de ser tratadas, o que requer, basicamente, que a gente seja sincera.

Ninguém gosta de ser enganado.

Ninguém quer ser deixado no vácuo.

Ninguém gosta de criar expectativas e vê-las se despedaçarem da pior forma.

Precisamos deixar claro que ser responsável afetivamente não significa manter pessoas na sua vida que te fazem mal, ser passiva em relação ao comportamento do outro, omitir ou anular os próprios sentimentos.

Muitas vezes, com as pessoas mais próximas, que temos intimidade, podemos querer que elas saibam ler a nossa mente. Mas não é assim.

Nós, humanos, somos seres complexos, mutáveis, e não é ruim quando expressamos de forma clara nossas intenções, desejos e vontades. Quantas situações chatas poderíamos evitar se não houvesse problemas de comunicação? Aposto que muitos.

Em um mundo de telas, de filtros, de aparências e de narrativas que nem sempre condizem com a realidade, às vezes esquecemos que estamos interagindo com outras pessoas e que elas também têm dias bons e ruins. Todas temos.

E da internet para a vida real, frequentemente nos comunicamos sem considerar o impacto daquilo que estamos dizendo. Da reação que a nossa ação vão vai causar…

 

Unsplash/Nick Fewings

 

Mas a maioria dos problemas de responsabilidade afetiva está mesmo na criação de falsas expectativas, que podem acontecer porque a gente se expressou mal, porque intencionalmente “prometemos” algo que não poderíamos ou não queríamos cumprir (e às vezes ficamos com vergonha de voltar atrás) e em alguns casos acontecem independente de qualquer coisa que a gente faça ou fale.

No último caso, não podemos ser responsabilizadas pelas expectativas dos outros, mas de forma geral podemos sim deixar bem claro quem somos e o que queremos.

E por que eu deveria me importar com os sentimentos alheios? Porque é uma forma de se conhecer e viver em paz com você mesma.

É uma questão de equilíbrio também.

Não é egoísmo se expressar com sinceridade, pelo contrário. Mas isso não precisa ser feito de forma rude ou passivo-agressiva.

Ser verdadeira com os outros é uma forma de ser verdadeira com você mesma. De bancar quem você é.

E quanto mais cientes de quem somos e do que sentimos, mais fácil é se relacionar, respeitando os outros e você mesma.

Seja verdadeira em todas as suas relações e, consequentemente, construa relações verdadeiras e mais saudáveis.

 

Unsplash/Amy Shamblen