Pronta para mais um dos nossos bate-papos semanais?
Um bate-papo justamente sobre bater papo, ou melhor, sobre o por que está tão difícil dialogar.
A comunicação é, sem exagero, essencial. Dependemos dela em nossos trabalhos, em nossas relações pessoais, para o nosso desenvolvimento.
Somos seres sociais e precisamos nos relacionar. Não há maneira mais natural para isso do que por meio do diálogo.
Ah tão bom seria se a comunicação fosse uma simples relação entre locutor, mensagem e interlocutor né, mas não é.
São muitas as coisas que moldam quem somos, nossas crenças, valores, sonhos. E ao longo da vida também são muitos os fatores que determinam a nossa forma de expressão, seja a verbal ou a linguagem corporal, afinal comunicação não é só falada.
Somos diversas. E isso é lindo!
A infinita possibilidade de combinação de fatores que nos “formam” durante a nossa existência é o que nos faz ser únicas.
Podemos ser extrovertidas ou tímidas. Tem quem queira se destacar ou se encaixar. Somos inspiradas por outras pessoas e às vezes tentamos ser como elas. E tem quem desperta os piores sentimentos em nós, de quem queremos distância.
É natural nos aproximarmos de pessoas que são semelhantes a nós. Criamos a nossa “bolha” de afinidades. Ao observar os nossos amigos mais próximos, vamos perceber que o que temos em comum é maior do que nossas diferenças.
Mas inevitavelmente vão cruzar o nosso caminho pessoas que são muito diferentes de nós, o que pode ser enriquecedor ou muito difícil.
Difícil porque em muitos casos vamos conviver com essas pessoas. Pode ser alguém do trabalho, um vizinho, alguém da nossa família.
E aí, como ter uma convivência saudável com pessoas que, não só são diferentes de nós, mas personificam os valores frontalmente opostos ao nossos?
Como estabelecer um diálogo produtivo em tempos como o que vivemos hoje, de nervos à flor da pele?
A internet tem nos mostrado que o ódio gratuito e a presença de haters acabam sendo muito mais comuns do que as pessoas que tentam escutar, que dedicam seu tempo para educar, que combatem os inaceitáveis preconceitos.
E acredite, isso é mais difícil do que parece.
Como pode alguém criticar quem defende a justiça, a inclusão, a liberdade de ser quem quisermos?
E como falar a nossa verdade sem machucar ou ofender o outro? Mesmo quando suas posições ofendem nossa própria existência?
O diálogo é o caminho.
Aí você pode perguntar “mas ao falar com pessoas que pensam diferente não estamos sendo coniventes com coisas que não acreditamos?”
A resposta é não, pois isso é uma forma de estabelecer uma relação construtiva, de tentar iluminar um assunto para quem não consegue enxergar além da sua existência e, quem sabe, ajudar pessoas a evoluir. É o que precisamos como sociedade.
Volodymyr Hryshchenko
A premissa para dialogar é o respeito. É atribuída ao filósofo francês Voltaire a frase “Eu desaprovo o que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo”, como máxima da importância da liberdade de expressão. Mas a frase na verdade não é dele, e sim da autora britânica Evelyn Beatrice Hall, que fez a biografia do iluminista.
Precisamos sim respeitar quem teve vivências diferentes das nossas, quem seguiu caminhos que culminaram na formação dos seus valores. Mas o respeito deve ser mútuo e não significa que devemos tolerar o intolerante. Sim, é paradoxal.
Mas é essa a contribuição que nós, pessoas que buscam evoluir, podemos fazer.
Um trabalho de formiguinha de tentar ao menos abrir a cabeça de quem não tem uma visão como a nossa. Isso é bom não só para a pessoa que estamos dialogando, que pode passar por um grande processo de transformação, como para nós mesmas também.
Quem está sondando empregos por aí, sabe bem que mais do que as qualidades técnicas, cada vez mais as empresas buscam pelas soft skills, as qualidades comportamentais, como a inteligência emocional, saber trabalhar em grupo, ser empático, saber liderar, lidar com problemas e mudanças, ser ético.
E essa é a prova de que saber conviver e dialogar é fundamental na nossa vida. Pessoal e profissional.
Precisamos exercer a comunicação não violenta, método desenvolvido pelo psicólogo americano Marshall B. Rosenberg, para que consigamos nos expressar, mesmo quando discordamos de algo.
Isso nos ensina a lidar com nossos próprios sentimentos e expectativas, e permite ver que outras pessoas também têm seus próprios sentimentos e expectativas.
Espalhe amor, justiça, esperança, apoio e empatia