Você se permite receber?

Incrivelmente, se doar pode ser mais fácil do que receber

Mais uma semana que passa rápido, com dias que passam devagar, tudo por causa dessa loucura que estamos vivendo.

Tanta dor, perdas inestimáveis, medo… Por mais que já tenhamos falado tudo que era possível sobre pandemia, parece que ainda não conseguimos processar o que é estar vivendo isso.

Acho que vai demorar até essa ficha cair.

Aliás, já viram a série The Good Place na Netflix? Às vezes sinto que é exatamente isso que aconteceu com a gente… kkkrying! Se quiser esvaziar a mente com uma série leve, mas que aborda filosofia de um jeito muito profundo, fica a dica!

 

 

Hoje queremos falar de algo que deveria ser fácil, mas não é: vamos falar sobre receber.

Ou melhor, aceitar receber.

Se esses dois verbos juntos ficaram confusos, pode deixar que eu explico melhor.

De forma geral, nós mulheres nos doamos bastante. No caso das mães nem se fala. A doação se dá na forma de cuidado, empatia e muitas vezes até através de sacrifício pessoal.

Nos deixamos em segundo plano para nos dedicar a alguém.

Há quem faça isso nos relacionamentos de forma geral. Se você é do time que assistiu ao BBB, viu como a campeã Juliette fazia isso bastante, acolhia mesmo quando o mais fácil seria ficar na dela, não insistir, não se envolver.

 

 

Ficar no nosso canto, sempre é mais fácil.

Dar um pouco de si ao mundo é o ideal, porque é assim que deixamos a nossa marca.

Não precisamos fazer uma coisa mundialmente reconhecida para isso. Basta sermos gentis. Isso significa tudo.

Tradução:

-Oráculo, como posso viver para sempre?

-Seja difícil de esquecer.

– Como?

-Devo criar arte?

– Devo ser famoso? Ou poderoso?

– Você deve ser gentil.

Incrivelmente, se doar pode ser mais fácil do que receber.

É justamente aí que muitas de nós temos dificuldades.

Existe uma interpretação errada e às vezes subconsciente de que ao receber algo, estamos em dívida com alguém. Que estamos baixando a guarda, que somos “dependentes”.

“Tanta luta para a nossa emancipação e liberdade, como vou aceitar algo que me é dado?”

Cá entre nós, pode falar: vai dizer que aí no fundo do seu coração não existe certo orgulho?

Somos orgulhosas mesmo. Queremos parecer duronas, inabaláveis, passar a mensagem que não precisamos de ninguém.

 

 

Não assumimos as nossas necessidades de afeto por medo de parecer “carentes”, mas sentimos isso.

E nessa tentativa de parecer inabalável, nos fechamos para muitas coisas boas.

Como querer o amor, se não estamos prontas para recebê-lo? Por que sofrer com uma sobrecarga de tarefas, quando podíamos ter aceitado ajuda?

Estar aberta para receber, não implica baixar a guarda e deixar que afete o nosso emocional.

Crédito: Unsplash/Ales Maze

Na vida, vamos receber críticas, seremos colocadas em situações injustas, às vezes vamos até receber problemas que não deveriam ser nossos. “Receba este pepino”.

Mas também vamos receber carinho de pessoas que nem imaginávamos, vamos descobrir que existe uma mão amiga quando estivermos no nosso pior momento. Vamos receber elogios, que merecemos mesmo.

Tudo isso faz parte de uma dinâmica maior. Devemos nos doar, devemos aceitar receber, e o mais importante, vamos viver uma vida onde exista a troca.

 

Aceite uma mão amiga!

 

Não devemos só doar ou só receber. Isso deve ocorrer de forma simultânea.

Esteja lá para quem precisa. Apoie. Acolha.

Esteja aberta para deixar outras pessoas entrarem na sua vida. Não se esconda por medo ou vergonha. Ou por querer parecer a durona que não precisa de ninguém. Você é durona, eu sei!

Mas se permita receber e viva mais intensamente.