Estamos vivendo um verdadeiro caos, uma existência atípica, que para muitas de nós pode ter tido o efeito de nos fazer esquecer que a vida pode ser boa e leve.
Muitas perderam o emprego ou substancialmente sua renda.
No mundo estima-se uma perda de renda na ordem US$ 800 bilhões para as mulheres.
E como manter alguma saúde emocional diante de tantas incertezas sobre o nosso futuro, do medo de uma doença invisível e imprevisível que pode acometer qualquer pessoa da forma mais grave?
Diante do negacionismo da ciência e de tantas vidas que já foram perdidas?
Parece que a gente não está chegando a lugar nenhum e esperar à volta da normalidade não está sendo fácil.
Dá vontade de desistir, de se enrolar no cobertor e esperar o tempo passar, de acelerar o filme da nossa vida até o momento em que as coisas começam a se resolver. Mas não é possível.
Precisaremos passar por tudo isso. E mesmo isolada, saiba que você não está sozinha. Nunca.
Tudo bem não estarmos radiantes agora, sentindo a plenitude que gostaríamos. Aliás o índice que mede a felicidade média do brasileiro é o menor em 15 anos. Não se iluda com a vitrine de perfeição que vemos nas mídias sociais.
Não sinta que está perdendo tempo que deveria estar sendo vivido. Vamos ter tudo isso de novo. Confia!
Queria te lembrar que você pertence ao mundo, mesmo se estiver se sentindo desconectada agora.
Gostaria também de encerrar nosso papo por aqui, de forma otimista, mas estamos diante de algo ainda mais grave que a angústia geral: a violência contra as mulheres aumentou.
Não podemos ignorar isso.
Um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com a Uber e Datafolha indica que oito mulheres foram agredidas fisicamente na pandemia por minuto em 2020 e que uma em cada quatro mulheres de 16 anos ou mais sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses. Isso representa 17 milhões de mulheres.
A prevalência é maior entre as mulheres negras e mais jovens. E metade das violências aconteceram em casa.
A dificuldade de garantir a autonomia financeira é o fator mais destacado pelas mulheres que contribuiu para a vulnerabilidade à violência durante a pandemia.
E o que essas mulheres fizeram em relação a agressão? Infelizmente 45% não fizeram nada.
Os dados completos do levantamento e o infográfico estão disponíveis aqui.
Nossa existência tem sido uma verdadeira resistência, de forma ainda mais grave para as mulheres que são histórica e estruturalmente prejudicadas.
Mas nós vamos resistir. A mudança tem sido lenta, mas pode ser consistente.