Como você está? Ansiosa? Deprimida? Ansiosa e deprimida? Pois é, estamos todas um pouco (ou muito) assim.
Sentir alguma ansiedade é normal.
Lembra quando você era pequena e tinha aquele sentimento antes do primeiro dia de aula? Um misto de emoções que podia conter uma dose medo e de felicidade, tudo somado a uma grande expectativa do que estava por vir? Essa é uma manifestação até esperada da ansiedade. Primeiro dia de aula, uma entrevista de emprego, são situações em que é natural ficar agitada.
E qual sua reação nesse caso: você acabou de se deitar na cama, prontinha para o sono de beleza, mas percebe que recebeu uma mensagem no celular. Você consegue deixar para ver no dia seguinte ou pre-ci-sa ver do que se trata?
O fato é que a ansiedade taí, já faz um bom tempo e é quase inerente a essa existência moderna. Você pode ser Millennial, Gen Z, cringe ou não cringe, todos estamos suscetíveis a sofrer com a ansiedade, em graus maiores ou menores. Temos até muitas músicas que falam sobre ansiedade, de Tori Amos à Florence + The Machine e Rihanna.
Como não ficar ansiosa em um mundo cada vez mais competitivo, com tantas inseguranças, com injustiças, quando somos tão expostas a notícias ruins o tempo todo, onde somos muito cobradas pelos outros e talvez até mais por nós mesmas? Um mundo onde até a Britney precisa lutar para ter controle sobre sua vida? Parece que tá tudo errado.
E advinha só, se nascer no Brasil já vem acompanhado de algumas emoções extras, somos também o país com mais pessoas com ansiedade segundo a OMS, situação que se agravou bastante na pandemia. Em outros países o aumento percentual de sintomas de ansiedade foi de 30%, e por aqui 80%.
Também lidamos com um novo fenômeno pandêmico, chamado de “síndrome da gaiola”, termo criado pelo psiquiatra da infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria Gabriel Lopes. A síndrome é a fobia de sair de casa pela qual muitos jovens já estão passando. Quem estuda o comportamento de crianças e adolescentes ressalta a importância das relações sociais e a interação com o mundo exterior para o seu desenvolvimento, mas isso se aplica a todos nós. Nascemos para viver o mundo, não se esconder ou fugir dele.
Voltando aos cenários onde a ansiedade é justificada, como diferenciar a ansiedade normal do transtorno de ansiedade?
Geralmente é a frequência e a intensidade dos sintomas que definem se estamos passando por um episódio de ansiedade ou pelo transtorno, que pode se reverter até em manifestações físicas como taquicardia, falta de ar e síndrome do pânico.
Uma boa interpretação da ansiedade é a que fala sobre não viver no presente. Ou estamos em um estado de aflição com expectativas de um evento futuro ou angustiadas pensando demais sobre algo do passado. Duas situações em que não dá para fazer nada: não podemos mudar o passado nem prever o futuro. Por isso é tão importante tentar puxar a nossa mente de volta ao momento presente.
A ansiedade também se manifesta na forma de tudo parecer muito maior e mais difícil do que realmente é. Nos sentimos inseguras, despreparadas ou mesmo desmotivadas a lidar com alguma situação.
Também é frequente a sensação de que sempre o pior cenário possível é o que vai ocorrer.
O problema de sentir tudo isso, ainda mais nesse momento atípico de isolamento que estamos vivendo, é cair nos ciclos da ansiedade: ficamos ansiosas com as coisas que temos para fazer e não conseguimos fazer o que precisamos porque estamos ansiosas.
Nesses momentos, devemos lembrar que a vida deve ser lúdica e divertida. Que podemos viver o presente, sem sofrimento ou expectativas, apenas fazendo o que está ao nosso alcance.
Separamos aqui algumas dicas para lidar com os momentos de ansiedade no seu dia:
– Faça exercício físico – 5 minutinhos que seja (5 minutos dá para encaixar até na mais apertada rotina). Não pensando em performar, em emagrecer, em ganhar massa muscular, absolutamente nada disso. Apenas mexa o seu corpo, ative a circulação, sinta que está em movimento
– Faça uma atividade criativa – pode ser pintar, desenhar, dançar (bônus de 2 em 1 pois é criativo e exercício), tocar um instrumento, montar um quebra-cabeça, qualquer coisa que exija sua atenção e que seja agradável ao mesmo tempo
– Exercícios de respiração – focar na sua respiração é um ótimo jeito de se estar no presente, não à toa quem começa a meditar invariavelmente precisa prestar atenção nela
– Brincar com seu cão, gato, filho, afilhado, sobrinho… – tem forma melhor de liberar serotonina e dopamina?
– Fazer listas – às vezes nossa dificuldade de focar é tão grande que o simples fato de organizar os pensamentos e pendências em uma lista faz toda a diferença. E se não for uma lista com coisas a fazer, que seja uma sobre as coisas que você tem a agradecer. Ela vai ser muito importante em outras crises, porque temos a tendência de maximizar nossos problemas e não valorizar o que temos
– Tire um tempo para você, mesmo que isso signifique cancelar compromissos, dar aquela sumida, se desconectar, tirar um cochilo no meio da tarde. Essa recarga de bateria faz toda a diferença
– Invista na comfort food, aquela comida ou quitute que aquece o coração, como o seu doce favorito ou um chá bem quentinho.
– Por último e talvez mais importante: se cobre menos. Não compare a sua vida com a de outras pessoas, não se sinta para trás, não queira competir. Você está trilhando o seu caminho, com os seus erros, seus acertos, sua história. Você é a protagonista. Acredite que você vai chegar aonde quer e não tenha pressa para isso. Aproveite o caminho.